Em muitos momentos é difícil para nós termos o exato momento em que a resignação é a única estrada possível, sobretudo quando o que está em jogo são nossos maiores tesouros, pelos quais jamais temos limites para a luta. É com esse sentimento de luta incansável e obstinação ilimitada que muitos doentes terminais lutam pela vida até seu último segundo na Terra, ou que mães lutam pela vida de seus filhos ao ponto de darem suas próprias vidas quando nenhum outro recurso existe. Para aqueles que amam não há impedimentos que se lhes afigure fortes o suficientes para lhe serem motivos de resignação. Enquanto houver como lutar, luta-se, e isso é inegociável. Enquanto houver meios, usa-se, e quando não mais houver, encontram-se novos. Desistir da luta? Nunca. O sentimento de impotência lhes é a mais penosa e desesperadora provação, e para vencê-la um coração que ama é capaz de absolutamente tudo que seja ético, e em alguns casos, renuncia-se até da ética e das mais profundas convicções, a fim de amparar e ajudar os seres mais amados. Uma mãe que mente descaradamente para conseguir, por exemplo, um exame importante para o filho. Uma esposa que paga propina para um político para conseguir uma cirurgia urgente para seu esposo, ou até uma pessoa que se humilha entrando de ônibus em ônibus a fim de pedir dinheiro para alimentar e medicar os filhos. Não há limites para a renúncia, nem mesmo a renúncia da própria dignidade e moral. Muitas prostitutas estão precisamente nessa condição, enfrentando renúncias que muito poucas mulheres suportariam, para que consigam ao fim da noite, levar o suficiente para nada faltar a seus filhos. Deus vê tudo isso. Vê sob óticas que a nós é vedada. Vê a profundeza do coração de cada um de nós, e o quanto de amor estamos colocando em cada um dos nossos gestos, mesmo os mais errados e reprochados pela sociedade. Vê a nossa nudez espiritual muito mais do que nós próprios somos capazes, porque não raras vezes nos escondemos atrás de mil artifícios para nos protegermos da dor. É assim que Deus nos vê: pelo quanto de amor estão impregnadas nossas atitudes, pensamentos e intenções. Nos momentos da luta que somos chamados a renunciar, não há limites para a renúncia. Mas nos momentos que somos chamados a nos resignar, é quando mais necessitamos de forças para lutar. Não a luta que estávamos acostumados. Não aquela luta que damos tudo que temos, cada um dos vinténs que possuímos, todo o sangue e suor até a última gota. Mas uma luta infinitamente mais difícil para quem ama: a espera. Para essa luta não precisamos renunciar ou nos permitir a destruição se for necessário. Precisamos apenas de paciência. A mesma obstinação ilimitada para a paciência que tínhamos para a renúncia.
A paciência que permite a um cientista passar anos a fio numa mesma experiência para encontrar a cura de uma doença que assola os humanos. A paciência que permite a uma mãe passar anos e anos cuidando carinhosamente do filho que vive em coma num hospital. A paciência que permite que uma esposa espiritual passe séculos e até milênios esperando seu companheiro que vive ainda em zonas inferiores da Vida. Acredito que muito do progresso que vemos hoje no mundo ocorreu graças à obstinação do homem em lutar contra as adversidades, independente de elas terem início em nós ou nos desígnios divinos. E em todas as lutas pelo progresso, pelos nossos amores, pela própria humanidade, e, sobretudo pelo nosso próprio progresso íntimo, nós precisamos ser obstinadamente firmes e ilimitados nessas duas virtudes: renúncia e paciência. Ora uma, ora outra, mas sempre as duas.
Não há como progredirmos sem renunciarmos a nós mesmos enquanto ego, sem renunciarmos a prazeres materiais, ou a muitas das coisas que julgamos importantes quando vemos pela visão temporal e limitada, de seres imperfeitos que somos. Da mesma forma que não há como progredirmos sem paciência. Paciência para errar e recomeçar incansavelmente. Paciência com os erros alheios. Paciência com os próprios desígnios de Deus, que muitas vezes não pode atender nossos pedidos, anseios e desejos imediatamente. Paciência com o tempo das pessoas, com o tempo da coletividade, que avança lenta, mas indubitavelmente. Paciência com as diversas formas de pensar, de perceber e de viver das outras pessoas. Paciência para esperar o tempo de Deus, mesmo quando temos que renunciar a nossa desesperadora pressa pelo nosso tempo. Como me disse um amigo espiritual muito querido: “Nós temos o nosso tempo, mas só o tempo de Deus é o da sabedoria”. E das coisas mais difíceis para os corações que amam é terem paciência para esperar, renunciando ao tempo de lutar, até que o tempo de Deus se cumpra…
Fonte: Luciana Luz
A paciência que permite a um cientista passar anos a fio numa mesma experiência para encontrar a cura de uma doença que assola os humanos. A paciência que permite a uma mãe passar anos e anos cuidando carinhosamente do filho que vive em coma num hospital. A paciência que permite que uma esposa espiritual passe séculos e até milênios esperando seu companheiro que vive ainda em zonas inferiores da Vida. Acredito que muito do progresso que vemos hoje no mundo ocorreu graças à obstinação do homem em lutar contra as adversidades, independente de elas terem início em nós ou nos desígnios divinos. E em todas as lutas pelo progresso, pelos nossos amores, pela própria humanidade, e, sobretudo pelo nosso próprio progresso íntimo, nós precisamos ser obstinadamente firmes e ilimitados nessas duas virtudes: renúncia e paciência. Ora uma, ora outra, mas sempre as duas.
Não há como progredirmos sem renunciarmos a nós mesmos enquanto ego, sem renunciarmos a prazeres materiais, ou a muitas das coisas que julgamos importantes quando vemos pela visão temporal e limitada, de seres imperfeitos que somos. Da mesma forma que não há como progredirmos sem paciência. Paciência para errar e recomeçar incansavelmente. Paciência com os erros alheios. Paciência com os próprios desígnios de Deus, que muitas vezes não pode atender nossos pedidos, anseios e desejos imediatamente. Paciência com o tempo das pessoas, com o tempo da coletividade, que avança lenta, mas indubitavelmente. Paciência com as diversas formas de pensar, de perceber e de viver das outras pessoas. Paciência para esperar o tempo de Deus, mesmo quando temos que renunciar a nossa desesperadora pressa pelo nosso tempo. Como me disse um amigo espiritual muito querido: “Nós temos o nosso tempo, mas só o tempo de Deus é o da sabedoria”. E das coisas mais difíceis para os corações que amam é terem paciência para esperar, renunciando ao tempo de lutar, até que o tempo de Deus se cumpra…
Fonte: Luciana Luz
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