sábado, 4 de dezembro de 2010

SONHO


SONHO
Da tua branca e solitária ermida
Por caminhos de céu que a lua esmalta-
Desces-banhada dessa luz cobalto-
O linho d’asa abrindo sobre a vida.

Nada, teu passo calmo, sobressalta.
E quando a mágoa as almas intimida
Das ilusões, a turba renascida,
Em rondas espalha pela noite alta.

E a claridade que se faz é tanta
Que logo a terra fica cheia dessa
Sonora e estranha luz que alegra e canta.

E iluminada de um luar de outono
A alma feliz e impávida atravessa
A vasta e longa escuridão do sono.

Mário Pederneiras
Rondas Noturnas-1.906

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