Limites, como?
Algumas dicas e tópicos importantes quando consideramos a educação com limites claros e coesos, papel fundamental dos pais na educação de seus filhos.
Sobre o processo de desenvolvimento e aprendizagem, assimilação de novas regras na infância:
As crianças passam por uma série de processos internos psicológicos, assim como processos de desenvolvimento social como àqueles mediados pelos pais desde o seu nascimento. Por isso a assimilação do certo ou errado também é processual, gradual e depende de uma forte interação com a família.
O importante, seja para os pais ou educadores em escolas é compreender as fases do desenvolvimento da criança e saber lidar corretamente com os comportamentos indesejados em cada momento.
Se uma criança de 1 ano insistir em colocar o dedinho na tomada, isso exigirá uma medida de precaução dos pais (tampar as tomadas) assim como uma explicação breve e uma negativa firme, lembrando que dizer não, não significa gritar xingar ou bater, mas apontar outras possibilidades para a criança e sempre reforçar o
comportamento positivo ou desejado.
As crianças tendem a testar os pais, por isso também é muito importante que ambos, pai e mãe, mantenham coerência entre as negativas e afirmativas.
Com crianças mais velhas que já compreendem melhor o mundo ao redor, a conversa, o diálogo e busca de combinados que apontem causa e conseqüência podem ser produtivos e aprimoram o relacionamento familiar num ambiente de segurança saudável.
As crianças assimilam as ''regras'' de convivência conforme o ambiente em que estão sendo educadas. Portanto é importante que os pais e/ou a escola mantenham uma linha coerente entre si e que não mudem as regras repentinamente, por exemplo, um dia pode fazer tal coisa e no seguinte não pode. Isso confunde a criança e envia dupla mensagem.
Os limites são colocados desde o nascimento da criança, na forma como os pais se relacionam entre si e com a própria criança, contudo não implica rigidez. Um ambiente familiar saudável contribui muito para a capacidade de assimilação de limites pela criança. Exige, assim, dos pais e educadores coerência, ou seja, não
fazer,especialmente, àquilo que criticam, serem éticos. Não
adianta dizer que bater é feio dando um tapinha na mão, por exemplo.
Entre o mimar e o limitar:
Infelizmente (ou não) a educação não tem uma fórmula exata. Manter o equilíbrio implica em tentar todos os dias manter a coerência e o ambiente saudável que permita à criança experimentar o mundo para crescer e se desenvolver de forma autonôma, isso significa desafiar a criança e ao mesmo tempo cuidar para que
esteja segura.
Mandar uma criança de 8 anos ir para escola de transporte público não é educar para autonomia, é colocá-la em riscos dos quais ainda não sabe como lidar ou resolver.
É importante impor limites sensatos e permitir também que a criança se relacione com o mundo ao seu redor evitando a superproteção. A principal função dos pais e educadores é mediar essa relação da criança com o mundo em seu processo de desenvolvimento e aprendizagem e isso exige compromisso, busca constante de
conhecimento, abertura para o novo e paciência, muita paciência.
Como dizer não?
Dizer simplesmente não à alguém não faz sentido, nem um adulto aceita um simples não como resposta.
A negativa deve sempre vir acompanhada de explicações, de muita conversa e muito diálogo. Mesmo que a criança seja pequena e os pais imaginem que não compreendem o que dizem, ainda assim, dialogar é importante. Isso mostra que podemos resolver conflitos de forma tranquila.
Estabelecer combinados é uma ótima sacada, por exemplo, se a criança tiver um comportamento indesejado como jogar o carrinho longe, os pais podem explicar que irão tirar o carrinho e que a criança só poderá brincar com ele no dia seguinte. É muito importante também sempre validar os comportamentos desejados e afirmá-los.
Se decidirem por um combinado, é importante não voltar atrás, para que a criança possa compreender o efeito causa e conseqüência.
Crianças são crianças: simples assim...
É muito importante entender que crianças são crianças. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, crianças são sujeitos de direitos e estão me fase peculiar de desenvolvimento e isso significa que estão crescendo e aprendendo a se posicionar e a se relacionar com o mundo. Conhecer esse processo de desenvolvimento e buscar
informação é extremamente importante para saber o que
éesperadodecada fase e o que podemos exigir a ponto de haver um retorno satisfatório. As crianças devem ser tratadas como crianças.
Respeitar esse princípio básico é proporcionar às crianças a possibilidade de crescerem sadias e de fazerem escolhas saudáveis para sua vida, pois sentem-se seguras e amparadas, e ao mesmo tempo incentivadas a lançar-se no mundo.
Negociando...
A negociação é muito importante, especialmente quando estabelecemos os combinados.
Exemplo: ensinar a criança a usar o penico. Combinar com a criança que toda vez que ela fizer xixi no penico ganhará um adesivo no mural do banheiro. Validar as conquistas da criança com afirmativas de ''Parabéns'', ''Muito bem!'' e evitar tratamentos vexatórios ou que possam constrangir a criança. Já vi e ouvi muitos casos de
crianças que desenvolveram instestino preso, pois no
primeiromomentoem que a criança não fez no penico tomou bronca. Entender que é um processo de aprendizagem e manter o combinado.
Isso serve para as negociações em geral, deve-se levar em conta a idade da criança, a capacidade de compreender o combinado e ter SEMPRE bom senso e coerência nos combinados.
Existe um outro limite, entre negociar e estabelecer trocas. A negociação implica em noção de causa e conseqüência e é muito benéfica. O que não devemos é criar mecanismos de ''faz isso, tem aquilo''. Por exemplo a criança só come se ganhar chocolate. O chocolate pode ser um incentivo, mas a criança deve
ouvir dos pais também o porque devemos comer, qual importância, etc. Não devemostransformara
relação num mercado de troca.
Artimanhas das crianças...
As crianças testam os pais o tempo todo e manter-se firme é um exercício cotidiano, mas é importante. Se disse não uma vez, deve-se manter a palavra. Explicar para criança e manter-se firme.
Se houver necessidade de voltar atrás, não sentir-se acanhado em fazê-lo. Explicar à criança e retomar o combinado. Nada na vida é extremamente rigído que não possa mudar.
Flexibilizando...
Quando falamos em disciplina, não me remeto à disciplina rigída, quase militar, mas sim àquela de ensinar o que pode e o que não pode, de conversar e de flexibilizar sim algumas vezes. É importante para a criança saber que os pais não são máquinas, que também ficam tristes, que erram e que aprendem. Aprender junto com
os filhos pode ser muito gostoso.
E os castigos?
Os castigos são importantes desde que não impliquem em ações vexatórias ou que desrespeitosas à criança, como por exemplo trancar no banheiro ou dar banho frio, etc. Isso não é educar, é punir. e punição não educa!
O castigo quando bem aplicado pode ser um instrumento potente de educação, pois traça a linha da causa e conseqüência, mas não pode ser a solução para tudo ou se torna banal. A criança precisa entender o porque do castigo, então o diálogo é muito importante.
Por exemplo, para uma criança de dois anos ficar sentadinha numa cadeira de castigo por 2 minutinhos basta. Os pais explicarem a ela o porque é extremamente importante, contudo o castigo não pode ser muleta educativa, tudo que acontece vai para o castigo. Também é importante não ficar ameaçando e não cumprir, pois a criança percebe a
lacuna e não acreditará nos pais.
Jamais punir fisicamente a criança! A punição fisíca desde o famoso tapinha até os piores espancamentos não ensinam e não educam. Estabelecem entre a criança e seus pais uma relação de disputa e de poder que não é benéfica. Fica marcada uma forte relação de poder, onde os pais podem e as
crianças não. Bater trás uma conotação de impotência à criança, não permite o diálogo e mostra a
criançaqueserelacionar com o mundo é relacionar-se impondo, de forma agressiva e punitiva. Para uma criança, os pais são referência de segurança, de possibilidades de aprendizagem, quando estes reagem ao comportamento indesejado com agressão física, há um sentimento de menos valia, de falha que não educa, apenas reprime e oprime,
gerando medo e insegurança.
Por fim, não há de fato uma fórmula mágica, mas havendo amor, respeito e vontade, aliados à informação, educar pode ser um exercício cotidiano de aprendizagem para pais e crianças.
educardacerto.blogspot.com
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